02-7-2015

penelope

 

 

Penélope

(O Engenho da Costela)

 

Penélope costura junto ao molhe

Pergunta por Ulisses aos marujos

Nenhum ouviu falar Ninguém o viu no mar
Dentro da sua cesta há um novelo

De lã e de madeixas de cabelo

Do qual tece um lençol Que desfaz ao deitar

Prometeu acabá-lo Quando Ulisses voltar

 

Ulisses está perdido entre as ilhas

Prisioneiro do canto das sereias

Não encontra o caminho

Entre águas e areias Na treva do mar

Não se acendem candeias

 

Penélope é mãe irmã e noiva

Senhora do engenho da costela

De Adão até Ulisses Nada mudou para ela

 

Penélope pede contas aos astros
Manda recados cifrados nos mastros

E acende luzernas do mais puro azeite

E veste-se de branco casto

Sem nenhum enfeite

 

Ulisses está perdido entre as ilhas

Prisioneiro do canto das sereias

Não encontra o caminho

Entre águas e areias Na treva do mar

Não se acendem candeias

 

Penélope cansada do lençol

Já feito e desfeito até cansar

Decidiu partir E conhecer o mar

Penélope quebrou a tradição

Da mulher que não parte e não viaja

A Grécia já lá vai Roma também já foi

E agora ela navega Sozinha e sem herói

 

Ulisses chegou cansado e velho
Penélope não estava à sua espera

Tornou-se uma esquecida

Em busca de Odisseias

Ulisses está perdido

Não tem quem lhe coza as meias.

 

carlos té

 

texto dunha cantiga

grabada por misia